quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

3 Tempos

Tempo # 1 (Original)

Esses dias, ainda me aclimatando nessa nova fase, tenho pensado muito na ideia dos ciclos pelos quais navegamos e que, afinal, constituem nossas vidas. Iniciei e encerrei vários ciclos. Alguns muito belos, felizes. Outros, carregados de tristeza. Mas, seja qual marca predomine, eles invariavelmente terminam. Então, ou começamos outro ciclo, ou permanecemos (quase sempre sem perceber) algemados naquele que findou. Posso demorar a me dispor ao início de um novo ciclo. Porém, ao menos até hoje, algo mais forte que eu (o universo? Deus?) acaba por me arremessar em um novo caminho.

Alguns ciclos, mesmo que eu saiba certamente findos, eu tenho pena de me despedir em definitivo. O maior exemplo que tenho é esse blog. Ou, mais provável, o mundo todo dos blogs! Esta “sala” (como já chamou o Cocada há décadas, rs) já teve muito leitores. E eu também era um assíduo leitor em outras salas! Hoje, um vazio.

Eu tive, nos meus bons tempos “brasílicos”, muitos amigos. Minha casa sempre foi um bom ponto de encontro para conversas e cafés memoráveis. Hoje nem sei que lembranças ainda restam de tudo! Alguns emails, cada vez mais formais, distantes. É, estou distante! Mais duro é constatar que também distante daquele eu que fui um dia. Embora não sinta tristeza com essa constatação.

E sobre certos ciclos recentes (curtos demais!): eu acreditei, sinceramente, que em Tampa algo muito grandioso estava para iniciar. Mais que acreditar, eu queria, eu precisava. Deu no que deu. Um fim inesperado e, cá estou, a refletir como será afinal esse novo ciclo (frio/solitário) que começo a desvendar...


Tempo # 2 (Update)

3 horas da tarde. 0 graus. Ontem escrevi as linhas acima, rascunho a completar. Hoje, sai de carro, sem rumo, quem sabe pra vislumbrar um pouco mais o entorno que se mesclará com meu novo ciclo.

6 horas... 2 graus negativos. Estaciono o carro na garagem, passo na portaria: “Tem um rapaz esperando pelo senhor lá fora.” (Que estranho!)

Encolhido, nos degraus da entrada do prédio...

Rapaz! O que você faz por aqui?
Olá. Desculpe por vir sem avisar.
Meu Deus, vamos entrar! Tá muito frio aqui fora!
Desculpe...

Senta! Você quer tomar alguma coisa? Um café, um chocolate?
Não, obrigado.
Não sei o que dizer. Poucas pessoas sabem onde estou e nenhuma te conhece!
Desculpe, sei que estou sendo um intruso.
Eu que peço desculpas! Perguntando coisas sem importância. Sei lá... algum problema grave pra você vir até aqui? Mais uma pergunta (rs) desculpe...
Não, não... ou melhor, sim. Eu precisava ver você! Desde aquele último dia, todo o silêncio... só sei que precisava te ver, nem que fosse apenas isso! Te ver...
Definitivamente, estou sem palavras. Como é que você veio até aqui?
Esquece isso! O que são 40 horas diante de uma vida?! Até que foi rápido.
Rapaz, você é louco! (rs)
Achei que você já soubesse disso! (rs)

(Olhos cansados, olhos amedrontados, olhos que me sorriem... não sei o que fazer)

Vamos fazer o seguinte, começando pelo mais simples: você toma um bom banho quente, eu ajeito o quarto pra você, alguma coisa bem quente pra você comer e depois podemos começar essa conversa de novo. Tá certo? Você trouxe alguma roupa? As minhas são alguns números maior (rs), mas, em desespero de causa... Fique à vontade; se precisar de alguma coisa, é só gritar...


Tempo # 3 (Lost or Found?)

Ele dorme agora, profundamente. Enquanto ele comia, poucas palavras. Achei que as palavras eram desnecessárias. Pelo menos por hoje. Nos olhamos, nos vimos, nos enxergamos. Ele acertou: precisávamos disso! Pelo menos por hoje. Eu, incrédulo. Ele, calmo. Eu, todas as perguntas do mundo. Ele, apenas uma resposta. Queria me ver. Não precisei perguntar, nem ele responder.

Sozinho aqui agora, uma última indagação: é assim que se encerra um ciclo? Ou, mais uma vez, tenho que entender que nada depende apenas da minha decisão? Melhor dormir…



domingo, 18 de dezembro de 2016

New Waters

Entre a proposta, o pensar, o aceite e o mudar, foi menos de um mês. Para os meus padrões, um recorde! De brinde, um tempo (longo) para me acomodar. Já fui conhecer a planta: bonita. Aliás, tudo é muito bonito por aqui! Especialmente pelo termômetro – agora está uns pontos abaixo de zero. O natal (pela primeira vez, sozinho de verdade) promete. E como só “tomo posse” depois de 15 de janeiro, muito tempo pra conhecer tudo (e que nem é um tudo assim tão tudo!).    

Alguns (poucos) me perguntaram sobre o porquê dessa decisão. Não soube responder. Pode ser o lado cigano da minha alma aflorado. Ou o cansaço da mesmice de onde estava. Vontade de um novo, um inesperado. Talvez algum estado, entre a ilusão e a desilusão. Melancolia? Certamente não tristeza!

E continua tudo muito plano…

“… I’ve been a forest burning no direction
I tried to hold you, I tried everything but running
My heart is panicking are you kissing him?
Are you reaching through all your days with him?
Your blackened branches drifting through my water
Are you over me? Are you? Are? You are...”


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Going North

Dizem que sou organizado, eficiente na formação de equipes e que consigo formatar boas soluções, descentralizando responsabilidades adequadamente. Dizem que cumpro fielmente prazos, sem sobrecarga de trabalho, sem formação de gargalos. Dizem que sou, essencialmente, assertivo. (Cá com meus botões: quando penso em minha vida pessoal, uma palavra me vem à mente... dualidade. Impressionante! rs). Portanto, ninguém melhor para “colocar ordem” na planta mais bagunçada como jamais vi! E lá vou eu...

Green Bay (WI). Antes de conhecer, acreditava que iria me desligar da presença constante (e por vezes angustiante) das águas. Que engano! Apesar de que, agora, parece que o “mar” é doce. Esperemos.

Penso que é um bom momento, até para que eu possa testar alguns limites meus. Cada vez mais distante das minhas raízes e mesmo de algumas novas, que foram se criando por aqui, pode ser que eu sinta mais intensamente o futuro que – assim creio – será o meu em definitivo: ser só. Sem dramas, sem pesos, livre, leve, solto.

A não ser que encontre algum formoso farmer (rs) que se disponha a entender “o que não tem certeza, nem nunca terá, o que não tem conserto, nem nunca terá, o que não tem sentido...”


domingo, 13 de novembro de 2016

Trump, D.

Primeira vez que falo sobre política por aqui. Pouco entendo do assunto e, apesar disso, a pergunta que mais me fazem os amigos brasileiros ultimamente é: como isso foi possível? Tentarei escrever o que não consegui explicar para todos eles. Mesmo correndo o risco de não ter entendido se foi isso que, de fato, aconteceu.

São 3 os meus argumentos. O primeiro, que é mais consensual: o americano “médio”, mais típico do meio oeste, pouco escolarizado, pouco qualificado profissionalmente e que ainda constitui a maioria da população, não se sente representado pelos democratas. Aliás, eles costumam associar a figura típica do democrata ao pessoal mais urbano, da costa leste, mais “descolado”, digamos. As chamadas políticas sociais nunca os tiveram como alvo. Então, meio que deixados à sua própria sorte e imersos num mundo cristão mais conservador, estão absolutamente de “saco cheio” (rs) de todo o discurso democrata, característico dos últimos anos. Não é questão de esquerda/direita (não existe isso claramente entre essa população), mas sim de um ressentimento acumulado e silencioso. Tão silencioso, que não foi captado por todas as pesquisas que davam como certa a vitória de Hillary.

Segundo argumento, o preconceito. Que, se pensarmos bem, não pode ser associado a classes de pessoas, ou seja, preconceituosos existem em qualquer classe, ou ambiente social. Especificamente aqui, o preconceito contra o negro costuma ser o mais frequente. A pergunta é: até que ponto a postura de grandes parcelas da população negra não colabora para exacerbar esse preconceito? Outro dia, quando expus esse meu pensamento a um amigo, fui taxado de preconceituoso! (rs) Tentei mostrar que, a priori, não tenho qualquer preconceito “cego”, a não ser contra indivíduos que extrapolam deliberadamente algum tipo de comportamento social.

Um exemplo (que acontece demais por aqui, já vi várias vezes): estávamos numa lanchonete super bacana, ambiente tranquilo, serviço perfeito, quando adentra o ambiente uma família de negros gor... não posso falar isso (rs)... obesos, digamos. Uma falta de educação ímpar. Falando aos berros, gritando pelo garçom, depois reclamando acintosamente do serviço. Perguntei a um amigo gringo porque ninguém, nem o gerente, chamava a atenção da distinta família (pai, mãe, 2 filhos) e sabe a resposta? Pioraria a situação, perigando os caretas chamarem a polícia, alegando racismo. E isso, essa postura arrogante, de quem quer descarregar um ódio de séculos no primeiro que lhes cruze a frente é bem mais comum do que podemos imaginar.

Essa maioria silenciosa, que mencionei acima, odeia tudo isso! Vide casos corriqueiros de “malucos” que simplesmente atiram contra negros. Será que sou preconceituoso pensando assim? Ah, só pra lembrar: fui casado com um negro por 10 anos... a pessoa mais maravilhosa que conheci na vida! E que era um negro, de alma negra, com postura negra... só que educado, carinhoso, enfim...

Trump é o “modelo” do que essa maioria silenciosa gostaria de ser! Fala o que quer, sem se importar se está politicamente correto, ou não. Trump, que não tem nada de bobo, percebendo isso, foi carregando cada vez mais nesse tipo de discurso. Que é o oposto dos políticos atuais, que são desprezados por essa maioria, que lhes atribui a responsabilidade de roubarem seus sonhos americanos. Acho que qualquer candidato que tivesse essa mesma postura seria um páreo sério para Hillary. Aliás, ela personifica exatamente tudo o que essa maioria mais odeia nos políticos!

Terceiro: aqui o presidente não tem esse poder todo que possamos imaginar. Na verdade, o poder é bem pulverizado. Ele apenas dá um certo direcionamento na política central. Para a vida corriqueira dos indivíduos, cada estado, cada cidade, tem suas próprias legislações, fora o poder econômico das grandes corporações, dos grandes grupos econômicos. E todo mundo sabe bem isso! Como o voto não é obrigatório, a abstenção nessa eleição foi de quase 50%. Então, quem elegeu Trump foi 25% dos eleitores! Incrível! Nem comento sobre a barafunda que é o sistema eleitoral. Esses 25 % simplesmente fizeram um voto de protesto “contra tudo o que se tem por aí”...

Pra fechar: em minha singela opinião dificilmente Trump cumprirá a maioria de suas promessas! Pelo simples fato de que elas são inexequíveis. Ou alguém acredita que se pode deportar facilmente 11 milhões de imigrantes ilegais! Ou construir um muro (aliás, para que mesmo?) e cobrar do vizinho! Ou – o que é mais dramático! – devolver o sonho, hoje impossível, dessa maioria que, ao que tudo indica, continuará na mesma situação em que se encontra hoje...

Falei muita bobagem? (rs)


  


domingo, 6 de novembro de 2016

Notice: Teen Behavior Detected

Sábado, sem programa, um tédio. Por que não? E lá fui. Bom lugar, aconchegante, aperitivos e bebidinhas, além de música ao vivo de qualidade... além do que era dia de uma certa banda toda trabalhada no folk (rs). Por que não? Tem melhor estratégia pra “virar o jogo” que surgir, inesperadamente, no território do outro? E lá fui.

Certeza que ele notou quando cheguei. Continua lindo... como canta suave, sensualmente! Porém, nada de entregar de bandeja! Firmeza é o meu nome (rs). Terminada a apresentação, momento de dúvida no ar. Não me mexi. Ele foi conversar com outras pessoas; passou bem próximo, me cumprimentou. Retribui, no melhor estilo britânico de ser e aguardei as cenas dos próximos capítulos.

Alguns minutos depois, um dos que conversavam com ele veio até minha mesa. Era o rapaz que falou comigo dias atrás, tentando explicar o que havia acontecido com o mocinho. Pensei: vem correio elegante! (rs) Surpresa: queria apenas saber como eu estava, papo leve e informal. Convidei pra sentar, ofereci uma bebida. Aceitou. E engatamos uma prosa, entre amenidades, perspectivas de vida, ideias, gostos. Foi então que notei que ele é mais novo que o mocinho novo. E, se meu radar ainda funciona, é “do ramo” também.

(Pensamento que quase me fez rir inadvertidamente: vai ver meu negócio é abrir uma creche! Que horror! rs)

E assim foi, durante a apresentação da outra banda, também muito interessante. Muito bom, mas sem encantamento, que minha cota já esgotou. Vez por outra, eu notava olhares disfarçados do mocinho. Aliás, duelo de olhares. Como ele não veio, to nem aí! Dado o avançado da hora, me despedi do Billy (quando soube seu nome, inevitável: the kid!) e sai, certo de que, nem em minha tenra juventude, agi assim. Mais leve impossível. Amanhã de volta para o mundo da seriedade.

PS: Quase “escorreguei” quando ele cantou essa canção...


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Día de Los Vivos

“In every love, there are at least two beings, each of them the great unknown in the equations of the other. This is what makes love feel like a caprice of fate – that eerie and mysterious future, impossible to be told in advance, to be pre-empted or staved off, to be speeded up or arrested. To love means opening up to that fate, that most sublime of all human conditions, one in which fear blends with joy into an alloy that no longer allows its ingredients to separate. Opening up to that fate means, in the ultimate account, admission of freedom into being: that freedom which is embodied in the Other, the companion in love.

Without humility and courage, no love. Both are required, in huge and constantly replenished supplies, whenever one enters an unexplored and unmapped land, and when love happens between two or more human beings it ushers them into such a territory. As long as it lives, love hovers on the brink of defeat. It dissolves its past as it goes; it leaves no fortified trenches behind to which it could retreat, running for shelter in case of trouble. And it knows not what lies ahead and what the future may bring. It will never gain confidence strong enough to disperse the clouds and stifle anxiety. Love is a mortgage loan drawn on an uncertain and inscrutable future.”                                                                                               
(Zygmunt Bauman)




Então você chega em casa e vê que tem uma mensagem. Ler, ou não ler, eis a questão! Até agora não consegui me reconectar a mim mesmo. Uma certeza, integral e absoluta: o mocinho é mais maduro e estruturado que eu! O que dizer?

“Enquanto vive, o amor paira à beira da derrota. Dissolve seu passado à medida que prossegue; não deixa trincheiras onde se possa buscar abrigo em caso de emergência. E não sabe o que está pela frente e o que o futuro pode trazer. Nunca terá confiança suficiente para dispersar as nuvens e abafar a ansiedade. O amor é uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável.”

É FODA!


domingo, 16 de outubro de 2016

Depois da Tempestade... Tudo Fica Molhado

Eu tinha os meus projetos; e nada, nenhum, em que constasse o desprezar uma chance, fechar uma porta. O que fiz? Dissipei, desconstrui. Como me sinto? Do lado de fora; mais uma vez entre os perdidos, entre os que apenas estão à distância. Ainda vivo, no entanto...

Pontos Relevantes:
a) Sou irascível. Especialmente quando tenho meu orgulho ferido.
b) E não é fácil aceitar isso!
c) Ao contrário do que supunha, sou impulsivo. (*)
d) E não é fácil aceitar isso!
e) Arrependimento. Vem rápido, mas demora muito pra se esvair.
f) A menos que eu peça perdão...
g) A menos que eu seja perdoado...
h) A menos que...  
i) Não é fácil agir assim!

(*) Em dúvida até que ponto o item c) decorre sempre e somente do a)

Observação: se eu já vivi uma história “encantada”, isso não significa que toda nova história deva ser necessariamente assim. Até que ponto eu, incrustado e tendo uma visão (parcial, convenhamos!) padronizada de como as coisas “devem” ser, simplesmente não soube lidar quando confrontado com um reverso?

Fatos:
a) Soube que ele sofreu para além do que eu possa imaginar. Um amigo da banda foi me procurar e - nem sei como - ouvi o que ele tinha a dizer. Se for verdade (importa agora?), eu cometi a maior injustiça da minha vida!
b) E como é difícil conviver com isso!
c) Poucas coisas me fazem sorrir por aqui. Uma delas era a presença dele. Mais que isso: nunca, em toda a minha vida (aí incluso a tal história encantada), eu senti que alguém tocou tão profundamente e direto a minha alma, como quando ele cantava fixando, por seu olhar, cada palavra, diretamente em mim!
d) E isso, sei, eu perdi. Joguei fora! Troquei pelo vazio.
e) É tão difícil...

No horizonte uma chance de nova mudança. Quem sabe o rigor de um inverno não me faça desprender de onde estou!


domingo, 4 de setembro de 2016

The End

Precisamos conversar...

Não, não precisamos!

Por favor, só me escuta! Eu não peço outra coisa, só isso.

Desculpe, mas não! Não vejo necessidade, nem propósito.

Por favor, por tudo o que sentimos!

Não tenho mais certeza se o que eu senti foi o mesmo que você sentiu. Não desejo coisas ruins para você, ao contrário, espero que algum dia você possa descobrir os seus sentimentos reais e que seja feliz. Quanto a mim, estou seguindo o meu caminho e não desejo mais compartilhá-lo. Apenas isso!

E você acha justo nem ao menos me dar uma chance de explicar?

Não é questão de justiça; eu não tenho necessidade de explicação. Você é inteligente, sensível, certamente encontrará o seu caminho. Tudo bem? Agora preciso ir, pois estou atolado de trabalho. Boa sorte.

PS: Um velho ditado cheio de sabedoria: quem dorme com criança acorda mijado! É simples e não precisa de explicação...


domingo, 14 de agosto de 2016

They Don't Understand

Talvez seja a hora de mudar o nome do blog. Sair da água, da fluidez, e caminhar pisando em terra firme. A melhor parte de mim, a que me sustenta, me equilibra, pertence à terra. Se a vida ouve agora esse apelo, devo segui-lo. Mesmo porque é possível eu me bastar sem ser ilha. E se for pra me perder, que seja na vastidão das planícies, dos planos e concretudes.

PS: E quando a vida me dá limões eu digo: não, obrigado! Afinal, whisky não combina com limão.


sábado, 6 de agosto de 2016

Jealous? Keep Calm!

Voltando à programação normal. Isso depois de dias tensos, muito tensos, e que provocaram (ainda estão a provocar) sérias divagações da minha parte. Alguma coisa como: quem sou eu, de onde venho, para onde vou... rs

Vamos aos fatos. Depois de todo o entusiasmo que envolveu meu “homecoming”, na verdade só recuperei minha paz de espírito no “come back”, 3 dias atrás! Alguma coisa mudou, ou muita coisa mudou e eu não mudei, ou mudei e não me dei conta, ou nada disso... confuso demais! Até agora ainda penso se devo escrever, ou não, afinal isso é, ou não é meu confessionário virtual? Focarei no principal evento, aquele que embaralhou “pacas” (essa é nova! rs) a minha pobre mente perturbada. Antes dele e depois, outros fatos serviram de entrada e sobremesa. Mas, pulemos tudo.

Sábado passado, depois de algumas conturbações (foco!), resolvi promover um encontro entre velhos amigos. Sem antes “ter um particular” com o principal ator, seguramente o convidado central da minha singela recepção (esse o grande erro, agora sei), resolvi incluí-lo no "pacote formal", junto com os coadjuvantes. Cheguei a pensar se isso não seria uma indelicadeza de minha parte, afinal somos amigos (na verdade, muito mais que amigos!) há décadas. Mal sabia eu o que me aguardava...

Sumarizando: ele foi o último a chegar, quando eu já me martirizava pela indelicadeza, que eu acreditava ter cometido. Abro a porta... ele estende a mão, sorri... “esse é o” (Flávio, Fábio, algum nome com F, me perdi nesse detalhe, rs). O que eu senti imediatamente? Lembra daquele esquete, onde as pessoas viravam um balde de gelo sobre a própria cabeça? Então... começou assim! Por pouco eu não perdi a fala! E todos se ajeitando nos sofás, cadeiras, e os dois, sentadinhos lado a lado e, não bastasse, de mãos dadas, carinhosos, fagueiros, um casal de pombinhos, digamos! Foi horrível! Péssimo! Medonho! Sei que é absurdo o que estou relatando, surreal, imbecil, mas, foi como me senti. Infantilidade à enésima potência? Provavelmente! Só isso?

Devo ter vivido a maior crise de ciúmes da minha vida! Sem a menor dúvida! Só não sei ainda qual o tipo de ciúmes. Na hora foi como se eu tivesse sido traído, como se eu tivesse descoberto uma infidelidade dele, algo assim. Como pode fazer isso comigo? Dá pra sentir o despropósito desse meu sentimento? Sim, temos uma história, longa, de altos e baixos, de uma cumplicidade imensa, intimidade total. E que eu, ele, nós havíamos “resolvido” (agora tenho dúvida!) há quase um ano. De lá, até esse nefasto sábado, comunicações formais, notícias de lá, de cá, afinal tudo estava resolvido. E bastou o tal do F surgir na história e... que detalhe eu perdi? Que nó foi feito, sem que eu percebesse, tão poderoso a ponto de me bloquear por completo?

Fato é que, me convertendo num perfeito emissor de monossílabos, não consegui desgrudar meus olhos, um segundo que fosse, do lindo casalzinho. Desculpem, mas é hora de inaugurar um lado obscuro de mim: QUE MERDA! (rs)

Hoje, sem música! Ainda a procura de um buraco pra me esconder...

PS: Ah, tem o outro, o que se escafedeu pra Londres! Diz a sabedoria popular que falta de notícias, em geral, não é má notícia. Infelizmente não penso assim. Logo que cheguei, escrevi pra ele – quase um romance, de tão grande! Dois dias depois, meia dúzia de linhas, que poderiam ser resumidas no tal Keep Calm. Sinceramente? Acho que o ideal pra mim é como recomenda o meu amigo Johnnie: Keep Walking! Mundo, vasto mundo, aqui vou eu...



sexta-feira, 22 de julho de 2016

Brasiliante

Definitivamente, alguma coisa acontece no meu coração...

A primeira sensação é de pertencimento. O único lugar em que me sinto em casa, acolhido. Um ano; vejo algumas mudanças, mas a essência é a mesma, sempre: as ruas, os prédios, as pessoas, os cheiros e minhas memórias adquirem cores e texturas, impossíveis de sentir a não ser aqui. E é sempre tudo e qualquer coisa o exato gatilho a lembrar quem sou eu, onde me fiz.

Um ano e o passado pouco presente agora. Melhor: o passado sossegado. Sábio fui ao, antes de partir, recolorir todas as dores outrora estampadas nas paredes do meu quarto. Dores que se internalizaram em mim apenas como doces trajetórias de vida. Instáveis, por vezes, mas agora retidas somente como algo possível de se lembrar sem sofrer. Tão revigorante isso! Tão pacificador da alma e do corpo!

Restam algumas pendências, acertos de histórias deixadas em suspenso. Sei que é a hora de concluir todos esses enredos mal resolvidos. Espero que o tempo tenha apaziguado também o coração dos envolvidos, voluntária, ou involuntariamente.

Definitivamente, se és o avesso do avesso do avesso do avesso, és o direito! O certo! Pena que não por muito tempo...

PS: Uma semana e sem notícias de Londres. Sem me abalar. Só não sei se isso é bom, ou não.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Tempo

Aos poucos meu espaço se abriu. Aos poucos sua presença me preencheu. Aos poucos eu adivinho seus desejos. Aos poucos você advinha os meus. Aos poucos. Talvez seja essa a forma com que esse novo amor (novo para mim) esteja se instalando. Não um amor anunciado pela primeira súbita troca de olhares. Também não um amor, que por vezes pareceu amor, mas, de fato, era amizade. Nem um amor que apenas fosse necessário, como regra da vida. A melhor definição (embora eu saiba que amar não comporta definições!) que encontro para esse amor é ser, fundamentalmente, sensorial.

Nascido (no inconsciente?) quando ouvi sua voz. Depois, quando senti sua mão, a pressão da minha mão em torno da sua. Imediatamente, seu cheiro – algo entre doce, herbal e fresco. Três impressões instauradas no terreno de um possível a ser explorado, mesmo a contragosto do juízo da razão, e depois desconstruído (lentamente) por suas suavidades. Então eu, que vivia entre vazios e plenitudes, algo como um incerto poema, ora nuvem, ora pássaro, ora frio, me vi como espaço aberto à clareza do que eu sentia, sem pensar como e porque sentia.

Harmonia. Esse amor é nossa harmonia, de um diante do outro! Acho que é isso.

Nos próximos dias tudo apenas existirá dentro de mim e - espero - de você. Que não seja saudade que dói o que irei sentir. Como você disse, apesar de um oceano a nos separar, ainda estaremos debaixo do mesmo céu. Quem sabe esse pouco que já tivemos possa transbordar no muito que ainda teremos...

Boa viagem!


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Romper o Dia

A vida é isso: romper-se, decididamente, os limites. Limites do medo, limites da razão, limites do querer. Rompemos o ar, rompemos a luz, rompemos as formas e os conteúdos, rompemos a alma, expondo os sentidos dos corpos! Certeza sem enganos. Descontinuidades que se interpõem e se mesclam e se fundem e se ultrapassam. Além, muito além de tudo; dos sonhos, das noites, de tudo... de tudo o que existe: olhos, ouvidos, nariz, língua, cor, som, sabor, cheiro, tato. Eu percorro seu corpo, você percorre o meu. Meticulosamente.

O desejo que nos lança fora de nós, para bem longe desse “nós” que conhecemos (conhecemos?). O desejo que se realiza e nos arrasta, ao mesmo tempo em que nos reata à vida, por ele excedida. Momento único (espetacular/maravilhoso!) esse do desejo perceber a ruptura dos limites! Na posse (por que não?!) de um pelo outro; de um sobre o outro, pelo outro, através da beleza dos sentidos. Posse, doação, fúria e doçura. Como é doce a sua pele! Quente sua boca, seus contornos, seu desfalecimento em mim e por mim!

Respiramos. A minha e a sua respiração, uma só, um mesmo ritmo. Roucos sussurros, murmúrios, batidas do meu coração e do seu. Redemoinhos de ventos, palavras sem sentido (e haveria necessidade de sentido?). Pulsar de sangue e de ar através dos pulmões, da pele, que se ruboriza. Explosão. Deslizo em você e você em mim. E o toque agora é de veludo, quente, manso, caminhos percorridos pelas conchas de nossas mãos. Você é meu, eu sou seu e, agora, o tempo, que se detém...


domingo, 15 de maio de 2016

Born to Care

Eu não sei se o que sinto por você é amor. Sei que, se for, é diferente do amor que senti, do amor que eu tive, acreditando ser a única forma de amar. Se eu tivesse que resumir, nesse momento, o que sinto, a palavra mais exata seria encantamento! Na verdade, é uma mistura de encantamento, sedução, medo, acho que você entende. E, sendo bem honesto com você, grande parte desse medo tem a ver com nossas diferenças – já falamos a respeito – e, dentre todas, nossos estágios de vida, a idade... (por favor, eu preciso ser objetivo, ao menos nesse instante de profunda paz).

Sim, eu tenho algumas certezas; muitas. Você aqui, com a cabeça no meu colo, esses olhos atentos, doces... meu Deus, você é lindo demais! Sua pele, o jeito que você me toca, a calma que me transmite apenas por estar tão perto assim, não consigo descrever! É muito bom tudo isso e vai muito, mas muito mesmo, além do óbvio tesão (rs) que existe entre a gente. Sei que você sente igual. E esse saber independe do que já conversamos. É real, é sensorial... deve ser a tal “química orgânica”, com se diz por aí. E nem preciso ressaltar a sedução que suas músicas exercem sobre mim. É covardia o modo como você me invade tão facilmente, toda vez que canta olhando para o fundo da minha alma!

Também tenho certeza que um vírus (desculpe por tocar nesse assunto) não pode, não deve ser o grande obstáculo para que esse sentimento não deva ser alimentado. Novamente temos uma bela combinação: eu amo cuidar! Cuidar, para mim, vai além do sentido usual da palavra. Cuidar, eu penso, está em cada pequeno gesto, em cada mínima palavra de carinho, de afeto. Cuidar é o zelo que nos dispõe a tudo e apenas pressupõe uma coisa: a falta de egoísmo. Parece radical, mas não é! Aliás, é bem mais simples do que as pessoas pensam. Você sente minhas mãos acarinhando os seus cabelos?

Talvez, não sei... será que você consegue me prometer uma única coisa? Eu não quero te prender a mim apenas por esse viés do meu cuidar. Eu gostaria muito, ao contrário, que você enxergasse o meu cuidar – sempre! - como uma forma de te libertar das possíveis amarras que ainda teimem em te amedrontar. Inclusive e, principalmente – agora entra a parte da promessa (rs) – de mim mesmo se, porventura, algum dia, eu me constitua numa dessas amarras. Você entende isso? Prometa pra mim, por favor, que, se algum dia, você não sentir nesse meu cuidado algo que liberte... você se liberte de mim? Só isso. E, acredite, isso é a única coisa que me importa pra seguir em frente com você.

PS1: Resumo de uma conversa (quase um monólogo!) que tivemos ontem. Eu estava com meu “falador” aberto (rs).

PS2: Hoje, a última música que ele cantou (aqueles olhos que me hipnotizam!)... nem preciso dizer pra onde fui transportado! Depois ele me pediu pra deixá-lo na casa dos pais. Acho que faz muito tempo que ele não os vê...


terça-feira, 3 de maio de 2016

The Worry List

I'm tired, twisted, barely breathing, buried in the dark
Don't be concerned, it's just the power of a breaking heart…

Que força estranha é essa que, mesmo sendo conhecida (uma velha conhecida e, no meu caso, julgada extinta), não permite que se lute contra? A razão, “soberana”, pode emitir mil julgamentos, mil condutas. Entretanto, impassível, a força apenas está, apenas existe! Pode-se dar voltas, barganhar (ilusão de se crer na infantilidade da força), fingir que os caminhos são outros. Nada adianta!

Um dia eu passava por lá, “sem querer”. Em outro, alguma desculpa que me forçasse a não parar. Foram vários dias. Até que... quem sabe ele não está mais. Quem sabe se mudou. É quase como uma falsa aposta, feita a mim mesmo, na quase certeza de perder. Mas, quase não existe perante a força. E  então ele estava. Sem mudança. E então ele me viu. E seu olhar foi o mesmo de sempre, flutuando entre o delicado e o desafiador. Entre a mansidão e o desejo. Como pode isso? Ele cantou pra mim a noite inteira. E cada canção era como um beijo e uma bofetada. Poucas vezes me senti frágil na vida. Dessa vez, no entanto, a fragilidade soava em mim não como derrota, mas sim como vitória. Da força sobre o medo!

Ele se aproximou. Sorriu. O mesmo perfume, o mesmo toque nas mãos... “eu queria pedir desculpas pelo que disse aquele dia.” Era a força e sua adaga lancinando meu coração, absurdamente apaziguado. É o avesso, do avesso, do avesso. É a história que tem tudo pra dar errado! Tem tudo o que não combina, tudo o que o não pode abranger, constar, ser descrito. Mas, basta essa presença, minha e dele, e as oposições somem e o mundo fica de cabeça pra baixo, com a sensação de estar, mais do que nunca, no seu exato lugar.

“Se você quiser, se você puder, por favor, precisamos conversar...”


segunda-feira, 4 de abril de 2016

No Stone

E ele me chamou de covarde! Deve estar certo. De um modo torto, do meu modo, eu acendi alguma luz no seu caminho. Depois, amedrontado pela luminosidade, ou pela escuridão tecida por meus próprios medos, deixei que tudo se esgarçasse. Não tem outro nome: covardia! Machuca, eu sei. Mas, saber não me exime. Ao menos, saber faz com que eu compartilhe, em mim, a mesma dor. E como eu conheço essa dor, espalhada muitas vezes, por mim ao meu redor!

Planas, ruas planas, por onde ando, sem surpresas que não as que eu mesmo me reservo. Perdido de mim, perdido de quem se aproxima, perdido de todos, pertencer sem pertencer na essência. Quantos cruzaram meu caminho? Alguém ainda cruzará? Penso que já não importa mais. Incapaz de amar, ao menos posso exigir de mim o compromisso de não mais deixar que, inadvertidamente, me amem. Esta a lição que as planitudes daqui me ensinam. Nada mais há que se decifrar.

If I get you alone
I promise you to turn the light on
And if you feel the dark
Come close to me
Your heart's suggesting…

Sua última canção para mim. Tão cedo sua voz não sairá da minha mente... fique com Deus!


segunda-feira, 28 de março de 2016

Long Ago And Far Away

Já que não se pode, vamos ao que se pode...

Escolhas, sempre as escolhas. E - no meu caso, quase sempre - sem ajuda de nenhuma espécie, a não ser do que vem de dentro de mim, do que existe em mim. O que explica as escolhas que tomamos? Que substrato fundamental tem a palavra decisiva? Quanto de medo intercede na sentença da razão? São perguntas que insistem, martelam minha mente, embora nenhuma tenha o condão de apontar o melhor caminho. Somos nossas escolhas; ser é escolher... é escolher-se! Liberdade, ou prisão?

Não tenho amigos aqui. Eu sabia (ou imaginava) que não seria fácil para um “estrangeiro”, no amplo sentido da palavra, surgir, meio que do nada, e assumir controles. E mesmo que eu não seja o tipo de pessoa portadora de “verdades absolutas”, eu gosto de provocar reações, gosto de mudar, de descobrir talentos encobertos. Isso, em estruturas cristalizadas, costuma provocar instabilidades. Consequentemente, retaguardas. Eis o conceito-chave: esta é uma cidade de retaguardas!

Sem amigos e sem paciência para procurá-los (talvez pela certeza, ou quase certeza de não encontrar), restam minhas viagens ao interior de mim, além da entrega total ao meu trabalho. É minha escolha. Algo como um sabático do meu pessoal/emocional. Exercício exploratório da minha capacidade de me bastar. É a escolha certa? Aliás, existe isso de “escolha certa”?

PS: Pensamento que me surgiu - sei lá de onde (rs) - enquanto escrevia esse texto: será que temos, efetivamente, a faculdade plena de escolher entre esse ou aquele caminho? Estamos inteiramente livres para escolher entre fazer ou não fazer certas coisas? Complicou! Melhor deixar pra outro dia…


sábado, 27 de fevereiro de 2016

A Quarter Past Eight pm

“Não sei o que significa, se tem, ou terá algum significado o que está acontecendo entre a gente, mas, acredito que devo contar uma coisa importante a você: sou soropositivo.”

Não pode ser apenas obra do acaso. E, se for, que poder maligno é esse, que nos faz desconfiar – e temer – ainda mais, de nossas escolhas e decisões? Em muitos momentos tive minha vida tingida em tons dramáticos. Certo que, em outros tantos (talvez a maioria), as cores foram aquelas do mais puro êxtase e felicidade. Porém (e não sei se acontece apenas comigo), como é difícil desmemoriar o escuro das tristezas! Sempre julguei possuir uma boa estrutura para acolher e cuidar e tornar mais fácil a vida de quem caminhava comigo nesses momentos de escuridão. Hoje... acho que perdi essa estrutura! Sinto-me sem forças.

Passei a semana pensando sobre o que aconteceu. Na hora em que, confiando em mim, abrindo sua alma, ele me disse aquilo que o afligia tanto (desde o começo eu pressentia algo difícil, mas não desse tipo), eu tentei – juro! – eu tentei demonstrar força! Eu tentei passar firmeza! Mas, não deu! Simplesmente desmontei. Sabe a sensação de querer fugir? Eu continuei ali com ele, fisicamente eu continuei. Minhas palavras, no entanto, ao menos as que consegui pronunciar, indicavam uma total ausência de mim. Definitivamente, não tenho estrutura.

O que era suposto fazer, falar? “Esticar” o assunto? Perguntar “como foi”? Não fiz nada disso. Dizer frases prontas, como as fatídicas “ah, hoje esse problema é controlável!”, ou “com os tratamentos atuais, vive-se perfeitamente bem!”... sem chance pra mim! Até que ponto sou preconceituoso? Até que ponto egoísta? Até que ponto esse medo é o resultado de uma história que vivi, apenas isso, e não um medo em si, um medo em mim? São muitas questões. Justo em uma fase em que eu vislumbrava uma grande paz de espírito. E ele, de certa forma, compunha perfeitamente como parte dessa paz. Agora, não sei.

Dessa vez, tendo ainda muita pista de voo antes do instante “sem volta” (o tal V1/VR), penso seriamente em abortar a decolagem. Como fazer isso sem magoar, sem ser canalha (pois, covarde já está admitido de antemão!), sendo apenas sincero? Eis a grande questão! Quando? Hoje? Daqui a 45 minutos ele começa sua apresentação...

PS: Eleven o’clock: não fui.




domingo, 14 de fevereiro de 2016

Se É Pra Sair Na Chuva

Foram dias adolescentes essa semana. Troca de mensagens, frescor que não sentia há tempos. Sim, até pode ser incoerente. Incompatível. A tal ponto que, onde a razão pede cuidado, a voz rouca (adolescente) pede apenas que se deixe - inconsequentemente - fluir. E isso é bom. O que se tem a perder? Se é um jogo, há que se jogar. Risco? Sempre há risco, até ao atravessar uma rua. Aposta. Tudo, ou pouco? Como jogam os adolescentes? Os intrépidos pagam pra ver!

Fomos almoçar no meu ap. Comida mexicana - deixei a escolha por conta dele. Não sei, mesmo agora, qual foi a interpretação dele, de tudo o que aconteceu e vem acontecendo. De minha parte, sigo observando. Do que consegui apreender, dos ângulos, facetas já evidentes, gosto muito. Ainda existe uma área, talvez a parte central, que foge ao meu entendimento. Aliás, não é suposto que eu já soubesse tudo. Ponto a destacar (ao menos pra mim): ele não tem pressa! (Entendedores entenderão... rs). E, em sendo assim, não serei eu a servir a sobremesa antes do prato principal...

Outro ponto a destacar (não sei se “shitei” bonito aí... ainda em processo de análise, rs): depois do café, a pedidos, resolvi contar minha história. Deveria ter ido “até o fundo mais fundo”? Fui. Ele ouviu tudo calado. Muito calado! Minha cartada: quem sai na chuva... Certo; provavelmente não era necessário o caminhão inteiro de melancias. Talvez eu devesse considerar os 50% a menos de “estrada” que ele possui. Talvez não fosse o momento para que ele soubesse quem é, em essência, esse brasileiro perdido na Flórida. Fato é que o olhar dele mudou. Não que ele não tivesse, desde sempre, me levado a sério. Só não sei se o ponto de seriedade devesse ser tão completo. Pode uma história envelhecer um olhar?

Depois fomos caminhar. Depois o deixei na casa de um amigo. Depois voltei pra casa, me sentindo leve, apesar de tudo. Depois (pra não perder o costume), lá estava eu, na mesma bat-hora, no mesmo bat-lugar, ao deleite (rs) de suas canções. Intervalo: “Eu escolhi uma música pra você...” No próximo sábado não tem show. Na sexta tem...

PS: “And meet me there, with bundles of flowers, we'll wade through the hours of cold winter…” Jesus, toma conta!


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Do What's Easy

Tudo começou há 2 semanas. Era relativamente tarde, por volta de 20 h, de um dia particularmente cansativo... e eu, simplesmente, não queria ir pra casa. Que tal conhecer aquele barzinho, que existe no meio do meu trajeto, já devidamente memorizado? Música ao vivo. Quanto tempo que não me aventuro! Essas aventuras...

Jan, 29 - Não sei por que cargas d’água achei que era um barzinho gay. Não era. Bonito, ajeitado, confortável. Um som, meio folk, meio blues. Fui pro balcão, de frente para o cantor e sua banda. Sequência: primeiro a voz, suave, muito suave! Depois, o jeito de tocar o violão. As mãos. O cabelo, os olhos... ele olhava pra mim? Sem viagens, por favor! Duas músicas depois, fim do show, outra banda. Ele veio pro balcão. Cerveja. Sim, olhando pra mim. Perguntou se gostei. Não lembro direito o que falei. Acho que devo ter lamentado por chegar quase no fim da apresentação, algo assim. “Amanhã... amanhã começa às 21 h.”

Jan, 30 - Pensamento solto: não sei onde ouvi dizer que o acaso encontra sempre quem saiba aproveitar-se dele. Não seria o contrário? (rs) Bem, sou pontual, até demais. Tem menos gente e a banda está se ajeitando. De longe, ele me reconhece. Como eu não havia notado que ele é muito jovem?! Talvez, uma dezena de anos a menos do que eu. Bem jovem. Ele sorri, diz que ficou contente por eu ter vindo. Entre amenidades, fui formando sua imagem inteira: educado, fala pausada e corretamente. Como canta bem! Mesmo que eu não conheça a maioria das canções, não havia como não gostar de tudo! “E agora, consegue fazer uma análise crítica?” É tão evidente que ele mexeu comigo? “Tem um café aqui perto, quer ir? Hoje eu fico aqui em Tampa...”

Comentários “cafetinos” (rs): nem preciso dizer o que pensei ao ouvir esse convite! Ou preciso? Pois bem, foi mais de hora de uma conversa absolutamente (quanta abundância desse sufixo!), como dizer? Tranquila. Exatamente assim! Mora em St. Pete, estudou música em Londres, tem 2 irmãs, 1 cachorro, gosta de poesia, já escreveu algumas músicas (algumas do show são dele), essas coisas. Fala mais do que eu, bem mais. E tem 29 anos. Epa! E tão perfumado (isso me mata! rs) “Na próxima sexta tocamos em Clearwater. Quer conhecer?” Não vai dar. Tenho uma reunião bem complicada que começa muito tarde. Quando você volta pra cá? “Sábado. Poderíamos marcar um café, lá pelas 18 hrs, antes do show? Quem sabe você fala um pouco mais sobre esse brasileiro perdido em plena Flórida...”

Feb, 06 - Eu amo esse tipo de jogo! Tenho medo e amo. Ou amo, porque tenho medo. Eu seduzo, ele seduz. Assunto pra outro post! Breve resumo: nem ele, nem eu “tentamos” nada mais... como dizer? Sei que entenderam. Entenderam? (rs) Que “coisa” é essa?! Quase no final do show: “Essa música é de um cantor que adoro, Chris Bathgate e vai pra um amigo de muito tempo, que acabei de conhecer...” (Do what's easy, steal every red cent out of the wishing well…) Meu Deus! Marcamos um almoço, sábado que vem. Vem?

PS: Realidade, onde estás, que não te vejo! Isso tem tudo pra não dar certo! É loucura demais!