sexta-feira, 22 de julho de 2016

Brasiliante

Definitivamente, alguma coisa acontece no meu coração...

A primeira sensação é de pertencimento. O único lugar em que me sinto em casa, acolhido. Um ano; vejo algumas mudanças, mas a essência é a mesma, sempre: as ruas, os prédios, as pessoas, os cheiros e minhas memórias adquirem cores e texturas, impossíveis de sentir a não ser aqui. E é sempre tudo e qualquer coisa o exato gatilho a lembrar quem sou eu, onde me fiz.

Um ano e o passado pouco presente agora. Melhor: o passado sossegado. Sábio fui ao, antes de partir, recolorir todas as dores outrora estampadas nas paredes do meu quarto. Dores que se internalizaram em mim apenas como doces trajetórias de vida. Instáveis, por vezes, mas agora retidas somente como algo possível de se lembrar sem sofrer. Tão revigorante isso! Tão pacificador da alma e do corpo!

Restam algumas pendências, acertos de histórias deixadas em suspenso. Sei que é a hora de concluir todos esses enredos mal resolvidos. Espero que o tempo tenha apaziguado também o coração dos envolvidos, voluntária, ou involuntariamente.

Definitivamente, se és o avesso do avesso do avesso do avesso, és o direito! O certo! Pena que não por muito tempo...

PS: Uma semana e sem notícias de Londres. Sem me abalar. Só não sei se isso é bom, ou não.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Tempo

Aos poucos meu espaço se abriu. Aos poucos sua presença me preencheu. Aos poucos eu adivinho seus desejos. Aos poucos você advinha os meus. Aos poucos. Talvez seja essa a forma com que esse novo amor (novo para mim) esteja se instalando. Não um amor anunciado pela primeira súbita troca de olhares. Também não um amor, que por vezes pareceu amor, mas, de fato, era amizade. Nem um amor que apenas fosse necessário, como regra da vida. A melhor definição (embora eu saiba que amar não comporta definições!) que encontro para esse amor é ser, fundamentalmente, sensorial.

Nascido (no inconsciente?) quando ouvi sua voz. Depois, quando senti sua mão, a pressão da minha mão em torno da sua. Imediatamente, seu cheiro – algo entre doce, herbal e fresco. Três impressões instauradas no terreno de um possível a ser explorado, mesmo a contragosto do juízo da razão, e depois desconstruído (lentamente) por suas suavidades. Então eu, que vivia entre vazios e plenitudes, algo como um incerto poema, ora nuvem, ora pássaro, ora frio, me vi como espaço aberto à clareza do que eu sentia, sem pensar como e porque sentia.

Harmonia. Esse amor é nossa harmonia, de um diante do outro! Acho que é isso.

Nos próximos dias tudo apenas existirá dentro de mim e - espero - de você. Que não seja saudade que dói o que irei sentir. Como você disse, apesar de um oceano a nos separar, ainda estaremos debaixo do mesmo céu. Quem sabe esse pouco que já tivemos possa transbordar no muito que ainda teremos...

Boa viagem!