quarta-feira, 29 de julho de 2015

Banco de Areia

Se existe uma coisa que costuma ser a maior armadilha da vida é se sentir seguro em demasia. Em mares turbulentos, quando o perigo nos ronda, a angustia e o medo nos tornam muito mais atentos, mais em prontidão no enfrentamento de tudo, principalmente dos fantasmas que carregamos em nós mesmos. No entanto, basta um longo período de calmaria, aliado à previsibilidade de uma rotina “céu de brigadeiro”, para que acreditemos ter superado muito do que nos causa dor.

Não gosto de escrever assim, em tese, como se o que acontece comigo pudesse se arvorar em verdade absoluta. Ao menos por aqui, prefiro ser mais direto. Serei: em um momento de vacilo, não, pior, em um momento de idiotice em estado puro, resolvi levar o Claudio para conhecer... Onde eu estava com a cabeça?! Aquele era o “nosso” lugar, não dele! Ele não sabia, eu sim! Como é triste se sentir estúpido! Provavelmente ele não entendeu, mesmo porque eu escondi o quanto pude a minha sensação de quase me perder no imenso buraco que se abriu em minha frente.

Não sei até que ponto foi real... com certeza foi minha imaginação. Ao chegarmos, um frio me percorreu. Era um prenúncio, a que não dei ouvidos! Eu devia, eu podia ter abortado a situação. Mas não; o forte, o seguro, o cheio de si resolveu que era hora de arriscar, de provar que os mares são outros! Fomos caminhando, a conversa bem amena e, num lapso, ou flash, não sei bem, eu me vi naquele mesmo lugar, tão carregado de “nossas” marcas, mas o tempo era outro. Era um tempo passado. Foi assustador! Era como se eu não estivesse mais no tempo presente, mas sim pairando em outro tempo: o “nosso” tempo. Nem sei como consegui falar que precisava ir ao banheiro. Depois de quase mergulhar minha cabeça na pia (a água bendita como que levando pra longe meus pensamentos), olhando no espelho, me vi voltar. Muito medo!

Isso foi no sábado. Não contei pra ele, nem pra ninguém. Precisava contar. Enquanto ele dorme, estou aqui. Tudo é muito difícil, muito! Não estou nada bem...


5 comentários:

  1. É... provavelmente é melhor fazer lembranças novas em lugares novos. Porque mesmo que já esteja pronto pra outra, algumas histórias - quando boas - merecem ser preservadas.

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  2. Pronto! Voltei ... fim de férias ...
    Isto acontece meu caro. A gente vez por outra sempre escorrega e isto não é legal ... mas a vida vai continuar seu curso ... vc voltará a ficar bem ... fizeste bem em não contar nada a ele ...

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  3. Por mais dificil que tenha sido, você percebeu cada passo equivocado! Pode parecer estranho , mas só aprende e desvia do buraco quem caminhou nele!

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  4. Eu gostaria muito que uma vez "tomada uma decisão" a vida me desse uma "folga" e deixasse as coisas caminharem como esperado, mas acho que não é bem essa a ideia de "viver", acho que descobrir novos mares implica em passar por "apuros" em alguns momentos, até porque precisamos descobrir novos limites. Que isso não o impeça de continuar sua jornada e que possa logo estar bem novamente! Daqui, fico na torcida... :)

    É meio piegas fazer citação de filme, mas dia desses perdido em uma madrugada ouvi uma frase em um filme e que me pareceu apropriada agora... espera que de alguma forma ela possa fazer algum sentido para você: Just because someone stumbles and loses their path, doesn't mean they're lost forever. Sometimes, we all need a little help.

    Abraços...

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  5. A gente vai aprendendo por tentativa e erro mesmo, amigo. Um passo em falso, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!

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