Definitivamente, alguma coisa acontece no meu coração...
A primeira sensação é de pertencimento. O único lugar em que
me sinto em casa, acolhido. Um ano; vejo algumas mudanças, mas a essência é a
mesma, sempre: as ruas, os prédios, as pessoas, os cheiros e minhas memórias
adquirem cores e texturas, impossíveis de sentir a não ser aqui. E é sempre
tudo e qualquer coisa o exato gatilho a lembrar quem sou eu, onde me fiz.
Um ano e o passado pouco presente agora. Melhor: o passado
sossegado. Sábio fui ao, antes de partir, recolorir todas as dores outrora
estampadas nas paredes do meu quarto. Dores que se internalizaram em mim apenas
como doces trajetórias de vida. Instáveis, por vezes, mas agora retidas somente
como algo possível de se lembrar sem sofrer. Tão revigorante isso! Tão
pacificador da alma e do corpo!
Restam algumas pendências, acertos de histórias deixadas em
suspenso. Sei que é a hora de concluir todos esses enredos mal resolvidos.
Espero que o tempo tenha apaziguado também o coração dos envolvidos,
voluntária, ou involuntariamente.
Definitivamente, se és o avesso do avesso do avesso do
avesso, és o direito! O certo! Pena que não por muito tempo...
PS: Uma semana e sem notícias de Londres. Sem me abalar. Só
não sei se isso é bom, ou não.