quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

3 Tempos

Tempo # 1 (Original)

Esses dias, ainda me aclimatando nessa nova fase, tenho pensado muito na ideia dos ciclos pelos quais navegamos e que, afinal, constituem nossas vidas. Iniciei e encerrei vários ciclos. Alguns muito belos, felizes. Outros, carregados de tristeza. Mas, seja qual marca predomine, eles invariavelmente terminam. Então, ou começamos outro ciclo, ou permanecemos (quase sempre sem perceber) algemados naquele que findou. Posso demorar a me dispor ao início de um novo ciclo. Porém, ao menos até hoje, algo mais forte que eu (o universo? Deus?) acaba por me arremessar em um novo caminho.

Alguns ciclos, mesmo que eu saiba certamente findos, eu tenho pena de me despedir em definitivo. O maior exemplo que tenho é esse blog. Ou, mais provável, o mundo todo dos blogs! Esta “sala” (como já chamou o Cocada há décadas, rs) já teve muito leitores. E eu também era um assíduo leitor em outras salas! Hoje, um vazio.

Eu tive, nos meus bons tempos “brasílicos”, muitos amigos. Minha casa sempre foi um bom ponto de encontro para conversas e cafés memoráveis. Hoje nem sei que lembranças ainda restam de tudo! Alguns emails, cada vez mais formais, distantes. É, estou distante! Mais duro é constatar que também distante daquele eu que fui um dia. Embora não sinta tristeza com essa constatação.

E sobre certos ciclos recentes (curtos demais!): eu acreditei, sinceramente, que em Tampa algo muito grandioso estava para iniciar. Mais que acreditar, eu queria, eu precisava. Deu no que deu. Um fim inesperado e, cá estou, a refletir como será afinal esse novo ciclo (frio/solitário) que começo a desvendar...


Tempo # 2 (Update)

3 horas da tarde. 0 graus. Ontem escrevi as linhas acima, rascunho a completar. Hoje, sai de carro, sem rumo, quem sabe pra vislumbrar um pouco mais o entorno que se mesclará com meu novo ciclo.

6 horas... 2 graus negativos. Estaciono o carro na garagem, passo na portaria: “Tem um rapaz esperando pelo senhor lá fora.” (Que estranho!)

Encolhido, nos degraus da entrada do prédio...

Rapaz! O que você faz por aqui?
Olá. Desculpe por vir sem avisar.
Meu Deus, vamos entrar! Tá muito frio aqui fora!
Desculpe...

Senta! Você quer tomar alguma coisa? Um café, um chocolate?
Não, obrigado.
Não sei o que dizer. Poucas pessoas sabem onde estou e nenhuma te conhece!
Desculpe, sei que estou sendo um intruso.
Eu que peço desculpas! Perguntando coisas sem importância. Sei lá... algum problema grave pra você vir até aqui? Mais uma pergunta (rs) desculpe...
Não, não... ou melhor, sim. Eu precisava ver você! Desde aquele último dia, todo o silêncio... só sei que precisava te ver, nem que fosse apenas isso! Te ver...
Definitivamente, estou sem palavras. Como é que você veio até aqui?
Esquece isso! O que são 40 horas diante de uma vida?! Até que foi rápido.
Rapaz, você é louco! (rs)
Achei que você já soubesse disso! (rs)

(Olhos cansados, olhos amedrontados, olhos que me sorriem... não sei o que fazer)

Vamos fazer o seguinte, começando pelo mais simples: você toma um bom banho quente, eu ajeito o quarto pra você, alguma coisa bem quente pra você comer e depois podemos começar essa conversa de novo. Tá certo? Você trouxe alguma roupa? As minhas são alguns números maior (rs), mas, em desespero de causa... Fique à vontade; se precisar de alguma coisa, é só gritar...


Tempo # 3 (Lost or Found?)

Ele dorme agora, profundamente. Enquanto ele comia, poucas palavras. Achei que as palavras eram desnecessárias. Pelo menos por hoje. Nos olhamos, nos vimos, nos enxergamos. Ele acertou: precisávamos disso! Pelo menos por hoje. Eu, incrédulo. Ele, calmo. Eu, todas as perguntas do mundo. Ele, apenas uma resposta. Queria me ver. Não precisei perguntar, nem ele responder.

Sozinho aqui agora, uma última indagação: é assim que se encerra um ciclo? Ou, mais uma vez, tenho que entender que nada depende apenas da minha decisão? Melhor dormir…



Um comentário:

  1. Então... eu particularmente sou grande fã dos "ciclos", inclusive sou bom em me enrolar com eles... Mas me permita o abuso de concordar "discordando" de alguns aspectos do seu post, ou melhor, me permita oferecer uma perspectiva diferente... ;-)

    Ainda que existam os ciclos, vez por outra vamos ter aquele momento, um pequeno "infinito" que precisamos parar e respirar para poder parar e respirar um pouco antes que o novo tenha início. Apesar da tua jornada ter sido bastante puxada e longa, acredito que o último ciclo tem sido um tanto quanto diferente... novo! E por ser justamente novo, talvez ele tenha te pegado sem fôlego para esse novo momento.

    Você escreveu teu post no tempo passado, mas eu o leio no tempo presente! Você tem muitos amigos, que talvez estejam meio "escondidinhos" por respeito a você e na tentativa de respeitar teu espaço. Na linha do "não é porque a gente não vê, que o vento não existe", tenho certeza que teu blogue tem ainda leitores que continuam se inspirando e acompanhando tua caminhada. Eu entendo essa percepção em relação ao blogue, eu mesmo não ando lá nos meus tempos mais ativos, mas reluto em fechá-lo... por diversas vezes, em meio a calmaria acabei por encontrar novos blogues, novos amigos e fui positivamente surpreendido. Inclusive foi assim que encontrei seu blogue, "alguns" anos atrás...

    Enfim, dizem por ai que as vezes a gente precisa perder para poder ganhar, se distanciar as vezes pode parecer como uma dessas perdas, mas mais interessante que isso... tenho para mim que quando a vida nos consegue surpreender é um baita sinal de que estamos vivo e, principalmente, vivendo! Assim, sem se preocupar se o ciclo está começando, terminando ou renovando... aproveite o dia, até porque mais importante que o futuro é o hoje, onde a gente realmente vive!.

    Feliz Tudo Novo!

    PS: Identifiquei-me com o título do post! kkkk

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